MARCIELI COMPAGNON, ARTISTA VISUAL E GAÚCHA

ORIGEM, ARTE E CAOS
POR ROBERTO MEDINA*

O TRABALHO DA ARTISTA PLÁSTICA MARCIELI COMPAGNON FAZ UMA INVESTIGAÇÃO PROFUNDA NAS ORIGENS DO UNIVERSO, MERGULHANDO NA PRÓPRIA EVOLUÇÃO DO SER HUMANO. ELA REDIMENSIONA O HOMEM A PARTIR DA RECONEXÃO AO UNIVERSO. ALÉM DISSO, ALTERA O ESTADO DE CONSCIÊNCIA CÓSMICA, RESGATANDO A ARTE COMO FORMA DE MANISFESTAÇÃO DA VIVÊNCIA E DE REGISTRO DAS ENERGIAS FLUTUANTES E IMPRIMINDO-AS NA TELA. SERIA UMA RECOMUNICAÇÃO VINDA DO ESPAÇO SIDERAL? ALGUMAS PROVOCAÇÕES SURGEM AO OBSERVARMOS AS OBRAS DA ARTISTA PORTO-ALEGRENSE.
NIETZSCHE JÁ AFIRMAVA QUE O CAOS É A AUSÊNCIA DE DEUS, ENQUANTO ELEMENTO ESTRUTURADOR DO MUNDO. MARCIELI COMPAGNON, NESTA SÉRIE, ATRAVÉS DA PINTURA EM TELAS DE 2MX3M, MOTIVADA PELA MÚSICA, ELEMENTO CATALISADOR E POTENCIALIZADOR, IMPRIMIRÁ A RELIGAÇÃO DAS ESFERAS SIDERAIS, USANDO LINHAS, COMO TRAÇO CONDUTOR E NÃO-DEFINIDOR, TINTAS FLUORESCENTES (APENAS AS QUATRO CORES PRIMÁRIAS).
TODA OBRA PASSA POR DIMENSÕES QUE A ARTISTA VEM PESQUISANDO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. TAIS ELABORAÇÕES ESTÉTICAS SE COMUNICAM COM O RECEPTOR DA OBRA, APONTANDO PARA A VISÃO DE QUE A ESSÊNCIA DE QUEM VÊ ESTÁ TAMBÉM REFLETIDA. A REPRESENTAÇÃO NAS TELAS É UMA FORMA DE RE-APRESENTAR O MUNDO E SEUS VIVENTES AO PALCO DA EXISTÊNCIA. A GENÉTICA DOS TRABALHOS DE MARCIELI COMPAGNON EXIGE DO OBSERVADOR UMA LIGAÇÃO PERMANENTE DESSE OLHAR PENSANTE, COMO SE NOS TRAGASSE DESTA VIDA E NOS REPUSSE DE FORMA QUESTIONADORA, BUSCANDO SIGNIFICANTES E SIGNIFICADOS CONTRÁRIOS AOS PRÉ-CONCEITOS. ENFIM, ELA SOLICITA UMA NOVA POSTURA PARA ORGANIZAR O CAOS INDIVIDUAL, COMO CÉLULAS QUE POUCO A POUCO SE RECOMUNICAM E SE INTERPENETRAM, FORMANDO SINAPSES ARTÍSTICAS E INTELECTIVAS, ATRAVÉS DE CORES PULSANTES, NUMA LINGUAGEM TRANSGRESSORA.

OS AMANTES, DE RENÉ MAGRITTE

Por dois momentos sou levado ao encontro com pintor belga René Magritte (1898-1967): a primeira, os estudos sobre o surrealismo (motivado pela disciplina do professor doutor Claudio Willer, USP) e, em segundo, a leitura de dramaturgos contemporâneos, como as peças de Gil Vicente Tavares entre outros.

O que me chama a atenção nestes quadros de Magritte é a forma por que ele consegue quebrar a logicidade da realidade, misturar elementos e provocar uma profunda reflexão sobre o mundo e seus seres humanos. Vejamos aqui os casais, um ao lado do outro (nada surpreendente!), porém estão com os rostos cobertos. Sim, o título do quadro ajuda-nos muito - Os Amantes -; a partir disso, posso inferir algumas coisas. Modernidade nos que cultuam o amor? Haveria uma cruel cegueira no Eros mitológico? É preciso, portanto, sentir e não ver a coisa amada. O estado amoroso vale para mim, descartando o outro... Seria um amor masturbatório? Eu te amo e isso me basta. O teu amor? FALA COM O TEU TERAPEUTA A RESPEITO DISSO! É um amor gozoso.

Esta avaliação, que está na Wikipédia, me conduz a um olhar sobre o pintor: "Pintor de imagens insólitas, às quais deu tratamento rigorosamente realista, ultilizou-se de processos ilusionistas, sempre à procura do contraste entre o tratamento realista dos objetos e a atmosfera irreal dos conjuntos."

Voltarei ao tema... logo, logo!